Bancário januarense mostra seu interior, sua alma sertaneja e norte mineira, com leveza, em versos para serem sentidos pelo leitor



Acostumado e hábil com a dureza dos números, Oldac Campos saiu de sua zona de conforto, e mostra habilidade na produção poética, com traços narrativos, que reúnem temas intrínsecos à sua alma sertaneja e vivência em Sete Lagoas e região, onde mora.

A obra: Pedaços de Mim em versos reúne poemas como Januária, Rio São Francisco, Minas Uai, Norte de Minha Infância, Trajetória em Sete, dizem tudo, porque são temas que fazem parte da infância e da história de vida do autor, que foram extraídos do seu interior e temperados a gosto pelo poeta, que se revela dentro do matemático, fazendo uma quebra de paradigmas, que resulta nesta obra.


Poema 1
Norte de Minhas Infâncias
Já andei de canoa no rio,
Subi serras inteiras.
Catei pequi no cerrado.
Trepei no galho da Pitombeira.
Joguei bolinha de gude.
Barco de Papel na enxurrada.
Depois da chuva joguei finca.
Com bola de pano, porta-bandeira.
Pulei corda e amarelinha.
Comi queijo com café.
Também queijo com goiabada.
Canjiquinha com cachaça.
Joguei anzol na lagoa.
Tomei banho no riacho.
Viajei no vapor do São Francisco.
Acompanhei folia de reis nas ruas.
Fiz a primeira comunhão.
Acendi vela pra Virgem Maria.
Nas cantigas de roda cantei:
-’Sou, mineiro de Minas Gerais, do Norte de Minas Gerais”.


Poema 2
Canção da Saudade
Minha Terra tem pedreira
onde cantava o sabiá,
as poucas árvores que tinham
viraram carvão por lá.

Minha terra tem lagoas
que alimentavam o sabiá,
suas águas ficaram verdes
e os peixes boiaram por lá.

Minha terra tem muitos progressos
que afungentaram o sabiá, pois as indústrias que chegaram
turvaram o ar que tinha lá.

Minha Terra tem de tudo
para o retorno do sabiá,
não sei que saudade é esta
se eu nunca sai de lá.




Poema 3

Januária

Sob o sol quente de Januária
saio eu, menino solitário do verão,
pelas quebradas das ruas de cima,
onde permitido era só os moleques
desfrutarem.

Mas não havia nenhum moleque comigo,
o que era uma pena, eles me faziam falta.
E fui passando as cercas…
Pisando no barro ainda molhado,
dando tapa para espantar muriçoca.
No ar, um jeito gostoso de liberdade,
cheirando o verde do mato,
deparei com enorme juazeiro.
Subi como se fosse um moleque e comecei a comer todos os juás.
Veio uma vaca e pastava
em volta da árvore e não saía …
O tempo passou e o sol se pôs,
o medo veio no moleque que não sou.
Escurecendo..Em casa apareci.
Minha avó da cozinha perguntou:
-Por onde esteve andando?
-Casa do Joly, estudando.




Os poemas de Oldac misturam narrativas e poesias, construídas com simplicidade e com o único objetivo de transformar as lembranças em realidades vividas e sentidas no fundo da alma em momentos de vida em Januária e Sete Lagoas, suas duas paixões.


Recebemos a visita do januarense Oldac, que veio à Lavras em 2015 visitar meus pais: José Borges Monteiro, colega dele de BB e minha mãe Luiza Marillac, professora dele em Januária. Foi uma visita agradável. Tempos depois enviou este livro, que li e gostei muito.

Parabéns pelo talento e por tocar em temas tão caros para mim, como tudo que se refere à nossa Januária. Escrever é uma forma gostosa de lembrar de lá e matar saudade.


O bancário e matemático Oldac Campos nasceu em Januária, mas está radicado em Sete Lagoas, onde mora com a família. Depois da aposentadoria no Banco do Brasil revelou ao mundo seus versos intimistas para serem sentidos pelo leitor.




Bancário januarense mostra seu interior, sua alma sertaneja e norte mineira, com leveza, em versos para serem sentidos pelo leitor  Bancário januarense mostra seu interior, sua alma sertaneja e norte mineira, com leveza, em versos para serem sentidos pelo leitor Reviewed by JAB-Jornalista Aureliano Borges on abril 30, 2020 Rating: 5

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